Árvores

A árvore deve ser considerada como uma unidade ativa e adaptável. Ela tem seu ciclo de vida semelhante ao dos seres humanos, nascem, crescem, se desenvolvem e morrem. Duas formas de crescimento estão presentes na árvore: o crescimento em altura que é decorrente da atividade da gema apical e o crescimento em diâmetro que é decorrente da atividade do câmbio. A árvore é um organismo composto por:

  • Raiz: Existem dois tipos de raízes, as que crescem para baixo (chamadas de pivotantes) e as que crescem para os lados (conhecidas como tabulares). A função da raiz é fixar a planta no solo e absorver a água e os nutrientes necessários para sua sobrevivência. Essa água e nutrientes formam a seiva bruta, que é transportada até as folhas por meio de vasos que ficam dentro do caule chamados de xilemas. Algumas delas se caracterizam por armazenarem material de reserva, como por exemplo, os tubérculos. As raízes mencionadas são de plantas terrestres, mas vale á pena mencionar aqui, que existem outros tipos de raízes, aquáticas e aéreas.
  • Tronco: O tronco é caracterizado como o caule ou fuste das árvores. Ele varia de tamanho, forma, textura e cor, de acordo com a espécie. Deste é extraída a madeira, resinas, óleos e celulose, matéria prima utilizada para diversos fins. É no caule que se encontram os vasos (xilemas) condutores da seiva bruta até as folhas. E ao fazerem o caminho contrário, transportando o alimento produzido nas folhas por meio da fotossíntese (a glicose), para as outras partes da planta, são chamados de floemas. Na maioria das vezes, o caule é aéreo, mas ele também pode ser encontrado na forma subterrânea ou aquática.
  • Casca: A casca é constituída por duas camadas. Uma mais interna e fina, fisiologicamente ativa, de cor clara, denominada casca interna ou floema, que conduz a seiva elaborada. Já a mais externa, composta por tecido morto é denominada casca externa, ritidoma ou córtex, com a função de proteger os tecidos vivos da árvore contra o ressecamento, ataque de microrganismos e insetos, injúrias mecânicas e variações climáticas.
  • Galhos: Galhos é a designação dada em anatomia vegetal ás ramificações lenhosas do tronco das árvores e arbustos, das quais brotam folhas e eventualmente flores e frutos, formando uma estrutura de madeira ligada ao tronco central. E muitas vezes desempenham o papel de drenos competindo por nutrientes, água e luz prejudicando o desenvolvimento em diâmetro e altura, do fuste principal, tornando-se necessário a realização de determinados tratos silviculturais, como desrama.
  • Folhas: As folhas se formam a partir do caule e geralmente, se apresentam na cor verde, possui os mais variados formatos, pelo fato de se adaptarem á distintos ambientes. Elas são as responsáveis por realizar a fotossíntese, o processo de respiração e de transpiração. Algumas folhas têm a função de proteção, como espinhos, outras são modificadas, coloridas para atrair insetos, auxiliando na polinização. Através da fotossíntese, a planta consegue transformar a água e os nutrientes que retira do solo mais o gás carbônico e a energia solar que é absorvida através da radiação em glicose (seu alimento), e oxigênio utilizado na respiração. Essa glicose compõe a seiva elaborada, que é a fonte de energia das plantas. Sendo transportada, das folhas para toda a planta, pelo floema. Também ocorre a transpiração e a perda de água para o meio ambiente na forma de vapor. É possível observar névoas em grandes florestas ao amanhecer. Esta névoa nada mais é que a evaporação da umidade da floresta, sendo que parte desta umidade é produzida através da transpiração que ocorrida em cada folha.
  • Frutos: Assim como as flores, os frutos nem sempre estão presentes nas plantas. Porém, quando são encontrados, são os ovários já fecundado e desenvolvido. É o produto da fecundação entre as partes masculina e feminina da planta. O óvulo dá origem à semente e o ovário se torna o fruto. Possui a função de proteger as sementes e serve de matéria orgânica ao cair no solo se decompondo e contribuindo na fertilização do mesmo, além de facilitar assim, o processo de germinação. Podem ser verdadeiros, quando se formarem a partir do ovário, como o Abacate, ou falsos, ao se formarem por outras partes da planta como o caju, maçã, figo, abacaxi e framboesa.

Crescimento

As primeiras folhas são lançadas no ápice do caule, próximos umas das outros, sem evidenciar os nós e entrenós. Com o tempo, a atividade meristemática entre as inserções de folhas, prolongam as partes do fuste evidenciando os entrenós. O espessamento primário varia entre os diferentes níveis da planta. Geralmente o crescimento entre entrenós mais baixos é maior. Como resultado deste crescimento diferenciado ao longo da planta confere ao fuste o formato de cone invertido. O crescimento secundário resulta no aumento de espessura sobrepondo camadas à estrutura primária. Diversos fatores influenciam o crescimento de uma árvore, fazendo com que os esforços sejam direcionados para um, ou dois dos crescimentos: primário (altura) e secundário (diâmetro).

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Principais fatores que influenciam no crescimento de uma árvore. Fonte: www.ppmac.org

As plantas buscam a luz para maximizar os ganhos pela fotossíntese em comparação com as perdas pela respiração. Crescimento superior a respiração permite que as plantas acumulem biomassa. A luz também é importante para outros processos como a germinação, direcionamento do crescimento e forma da planta.

Planta + Energia = Calor + Fotossíntese + Evapotranspiração

Os principais fatores ambientais que interferem no desenvolvimento da floresta são:

  • Radiação
  • Temperatura
  • Água
  • Solo

Duas leis são importantes para compreender a relação dos fatores com o crescimento de uma planta:

  • Lei do mínimo: “O crescimento e/ou a distribuição da espécie é dependente de um fator ambiental mais criticamente demandado.”
  • Teoria da tolerância: “Toda espécie de planta é capaz de existir e reproduzir com sucesso somente dentro de um limite definido de condições ambientais.”

A temperatura pode ser analisada a partir de duas perspectivas: solo e atmosfera. A temperatura influencia a atividade enzimática, a solubilidade do $CO_2$ e do $O_2$, a transpiração e o funcionamento das raízes. O solo é o meio para o desenvolvimento das plantas, capaz de aceitar, estocar e reciclar água, nutrientes e energia. Já a água do solo é o principal suprimento de água para as plantas, que por sua vez é reposta principalmente pela precipitação. As plantas podem desenvolver adaptações para sobreviver ao estresse hídrico como espinhos, folhas com cera, queda de folhas, entre outras.

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Precipitação acumulada no território brasileiro. Fonte: ANA

Mesmo num bioma, a distribuição de chuvas não é constante, o que faz com que a comunidade arbórea varie seguindo o gradiente de chuvas.

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Distribuição de chuvas ao longo da amazônia brasileira. Fonte: INPE

Nichos

Para contornar a graede diversidade de espécies arbóreas, uma forma de simplificar é agrupá-las seguindo critérios ecológicos. Diferentes critérios podem ser propostos. Aqui será apresentado o critério de cinco grupos, com base nas seguintes características ecológicas: (1) tamanho da semente, (2) tolerância dos propágulos ao sombreamento, (3) crescimento potencial, (4) densidade da madeira e (5) altura máxima de um indivíduo adulto. Dos cinco grupos ecológicos, quatro estão organizados num espectro que vai das pioneiras até as tolerantes à sombra. O quinto grupo possui características únicas e foi chamado de emergentes demandantes de luz.

O espectro se inicia com o grupos das pioneiras. Este grupo é caracterizado por espécies de sementes pequenas, que entram precocemente na fase reprodutiva, de colonização agressiva de aberturas de dossel, rápido crescimento, altas taxas de mortalidade, baixa densidade da madeira e adultos com baixa estatura relativa (< 100 cm de DAP). São exemplos deste grupo: Cecropia obtusa e C. sciadophylla. As poucas espécies comerciais deste grupo tem um baixo valor monetário, principalmente derivado da baixa densidade e durabilidade da madeira.

No final do espectro, está o grupo das tolerantes à sombra. Este grupo é formado por espécies de sementes grandes, com propágulos que sobrevivem por longos períodos no sub bosque sombreado da floresta. Possuem alta densidade da madeira, baixas taxas de crescimento. As espécies comerciais deste grupo possuem valores monetários de médio a alto. Em exemplo é a Manilkara huberi.

Dentro do espectro, as classes intermediárias são: as demandantes de luz e as intermediárias. As espécies demandantes por luz possuem propágulos intolerantes à sombra, capazes de crescer rapidamente na presença da luz, mas sem as características marcantes das pioneiras. As espécies possuem indivíduos adultos altos, sem a produção precoce de sementes. As espécies classificadas como intermediárias produzem uma quantidade intermediária de propágulos no sub bosque, além de possuírem baixa densidade da madeira e altas taxas de crescimento. De certa forma, as espécies intermediárias combinam características das tolerantes à sombra (como distribuição diamétrica em J-invertido) e características das demandantes por luz (como crescimento acelerado na presença de luz). Exemplos de espécies intermediárias estão o Astronium lecointei e a Ocotea caudata.

O quinto grupo, das espécies emergentes demandantes de luz, possuem características únicas que não permitem a inclusão delas no espectro mencionado anteriormente. As espécies são caracterizadas pela distribuição diamétrica deslocada para a esquerda (alta frequência em diâmetros mais elevados) resultando em uma grande quantidade de indivíduos grandes e longevos, alta densidade da madeira. Os propágulos são intolerantes à sombra, mas apresentam crescimento mais lento se comparados à pioneiras e demandantes por luz. Pesquisas apontam que estas espécies dependem de grandes perturbações para repor os indivíduos adultos. Este grupo inclui as espécies com maior valor comercial como Tabebuia impetiginosa e o Hymenaea courbaril. Sem dúvida é o grupo que traz os maiores desafios para o manejo.

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