Manejo Florestal

A biodiversidade, o suprimento de madeira e o sequestro de carbono deram bastante visibilidade às florestas nas últimas décadas. A crescente pressão internacional tem feito com que os países que possuem grande cobertura florestal adotem posturas mais afirmativas diante das questões ambientais como o desmatamento.

No Brasil por exemplo, percebe-se uma clara evolução dos instrumentos legais desde da colonização portuguesa até o dias de hoje. Ao longo do tempo, diversos órgãos foram criados voltados para a gestão não só dos recursos florestais, mas dos recursos naturais como um todo.

Os diferentes atores sociais, como governo, autarquias, órgãos de fiscalização e controle, organizações sociais têm se interessado cada vez mais pela compreensão de como a sociedade como um todo se relacionada com os recursos naturais, seja do ponto de vista da subsistência, seja como um patrimônio natural.

A heterogeneidade das florestas, bem como das relações sociais existentes, dificultam a adoção de um planejamento único e polivalente. Por isto, a exploração dos recursos naturais precisa estar associada a planos de manejo especificamente elaborados para um local específico.

Durante muito tempo, as florestas Brasileiras foram exploradas de forma irresponsável, onde as ações eram marcadas pela falta de planejamento detalhado e, também, pela falta de orientação especializada. Vale destacar que a figura do Engenheiro Florestal só surge no Brasil na década de 1960. A falta de planejamento pode ser facilmente percebido pelo desconhecimento acerca das características do terreno, dos cursos hídricos, da distribuição das espécies, da distribuição das árvores de interesse, entre outros.

Desde da década de 1990, a exploração de impacto reduzido tem se difundido bastante, especialmente no manejo de florestas tropicais como a Amazônia. A exploração de impacto reduzido é um sistema integrado que busca o manejo florestal sustentável associado à proteção dos recursos remanescentes. Para que uma floresta esteja efetivamente sob manejo florestal sustentável, é imprescindível que harmonicamente sejam adotadas ações voltadas para a colheita, para a silvicultura e para o monitoramento. Essas práticas buscam garantir os benefícios econômicos, sociais e ambientais de forma equilibrada.

Ao contrário da exploração convencional, o fator mais importante na exploração de impacto reduzido é a capacitação das pessoas envolvidas na exploração. Com a instrução adequada, é possível utilizar as melhores técnicas de colheita de madeira, reduzindo os danos à vegetação remanescente, ao solo, à água e à biodiversidade.

A legislação brasileira, garante a adoção da exploração de impacto reduzido por meio do Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS). Este plano consiste num documento técnico que busca garantir a continuidade da produção e reduzir o desperdício. Manejar a floresta significa organizar ações que permitam ordenar os fatores de produção, controlando sua produtividade e eficiência. Os objetivos deverão ser traçados com base num conjunto de princípios, técnicas e normas que garantam a perpetuidade dos serviços ecossistêmicos da floresta.

Conceito

Em 1958, o estudo encomendado pelo Ministério da Agricultura intitulado Escola Nacional de Florestas: necessidade de sua criação, o Agrônomo-Silvicultor Paulo F. Souza justificou a necessidade da criação de uma escola de Engenharia Florestal no Brasil. O curioso, é que dentre as 15 cátedras sugeridas para compor a formação dos futuros florestais, não havia a disciplina de Manejo Florestal.

Analisando as escolas florestais que serviram de referência para definição das matérias que comporiam a formação do florestal no Brasil, o conteúdo que hoje observamos na disciplina de Manejo de Florestas Naturais será encontrado distribuído em diferentes disciplinas, dentre as quais destacam-se: Silvicultura e Administração Florestal. E é justamente deste último que provavelmente derivou o que hoje chamamos de manejo florestal.

O estudo realizado por Paulo F. Souza, utiliza como principal referência a escola de Yale, nos Estados Unidos. Na língua inglesa, o termo utilizado é Forest Management, que pode ser traduzido como Administração Florestal, como Manejo Florestal ou como Gerenciamento Florestal. Desta forma, o termo "Manejo" ("Administração") tem contexto diferente quando se comparam as escolas florestais europeias e as escolas florestais americanas. As escolas europeias entendem o manejo como um enfoque mais silvicultural, ou seja, focam na intervenção e condução da florestal. Nas escolas americanas, o termo manejo tem um enfoque de ordenamento, planejamento, levando a um enfoque mais matemático.

Na Lei de Gestão de Florestas Públicas (Lei Federal 11.284/2006), em seu artigo 3°, inciso VI, manejo florestal sustentável é definido como “administração da floresta para a obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras, de múltiplos produtos e subprodutos não madeireiros, bem como a utilização de outros bens e serviços de natureza florestal”. Mas manejar os recursos florestais é algo complexo, que exige do manejador um profundo conhecimento do ecossistema florestal:

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Fotores ambientais e antrópicos que influenciam a dinâmica de uma floresta.

Um dos desafios na exploração de florestas nativas, em especial as florestas tropicais úmidas, é possuírem uma dinâmica complexa de indivíduos, de diferentes idades e tamanhos. Como resultado, espera-se uma exploração planejada, aplicando tratamentos silviculturais à floresta e com a extração de indivíduos previamente selecionados. Múltiplos objetivos, muitas vezes conflitantes, precisam ser administrados pelo gestor florestal:

• Aumentar a produtividade da extração de madeira, reduzindo o ciclo de corte e a área necessária;
• Preservar a biodiversidade, mantendo a qualidade da água e do ar;
• Gerar benefícios sociais.

Pilares do manejo

As florestas fornecem matéria-prima para diversos produtos, seja madeireiro ou não madeireiro. Além disso, ela é um dos mais importantes reguladores do clima do planeta. Portanto, o bom manejo vem ao encontro da utilização sustentável da floresta, isto é, explorá-la sem exauri-la. Um manejo florestal sustentável precisa estar sustentado em três pilares:

  • Sistema de colheita
  • Sistema silvicultural
  • Sistema de monitoramento

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