Produtos Florestais Não Madeireiros

A exploração de produtos florestais não madeireiros existe na Amazônia desde a ocupação humana e caracterizou os ciclos econômicos na região até a década de 70. A exploração da borracha foi o ciclo mais significativo. Após esses ciclos, a expansão da fronteira agropecuária e a construção de rodovias geraram enormes conflitos com as populações tradicionais e possibilitaram a instalação da exploração madeireira ilegal e predatória. Além disso, a partir dos anos 70, a produção do extrativismo vegetal caiu drasticamente.

Os produtos florestais não-madeireiros equivalem a todo o material biológico de origem vegetal não-lenhoso, ou seja, sementes, borracha, resina, tanino, óleos essenciais, plantas fitoterapêuticas e ornamentais, bem como serviços sociais e ambientais, como reservas extrativistas, sequestro de carbono, conservação genética e outros benefícios oriundos da manutenção da floresta. Esses recursos florestais não-madeireiros representam a principal fonte de renda e alimento de milhares de famílias que vivem da extração florestal em várias partes do mundo.

Nos últimos anos, acontece um esforço de construir políticas públicas consistentes para favorecer o manejo florestal de uso múltiplo na região, como a criação do Serviço Florestal Brasileiro, a Lei de Gestão de Florestas Públicas e o estabelecimento do Programa Federal de Manejo Florestal Comunitário e Familiar. Contudo, persiste uma enorme distância entre os objetivos dessas políticas e os resultados práticos no campo e para a melhoria da qualidade de vida das comunidades locais. A cadeia de produção ainda apresenta enormes fragilidades que vão do produtor à indústria, instituições de pesquisa e fomento, até chegar aos governos.

Na Amazônia, nada é simples quando se luta para o desenvolvimento da região a partir da valorização da floresta e do manejo florestal, em especial quando se fala dos produtos florestais não madeireiros. Apesar dos avanços, as carências são muitas e os gargalos na cadeia de produção impedem resultados consistentes. Entre os diversos recursos naturais existentes na Amazônia e que vêm sendo extraídos, eliminados ou substituídos no processo de desmatamento, estão os produtos florestais não- madeireiros - PFNM, que são produtos não-lenhosos de origem vegetal e que servem, de acordo com a Organização (1998), para a fabricação de produtos para o consumo humano, entre eles: plantas medicinais, extratos, frutas, bagas, nozes, mel, carne e peles de animais silvestres, fungos; farelos e forragem; e ainda cortiças, resinas, taninos, folhagens de adorno, musgos, samambaias, e óleos essenciais.

Apesar de seu aproveitamento secular pelas populações indígenas da Região Amazônica, entre outras, recentemente é que os PFNM vêm ganhando destaque no cenário das alternativas de conservação da biodiversidade. O potencial de mercado dos PFNM vem crescendo com o aumento da oferta de produtos não tradicionais, seja em função da extração das florestas, ou do cultivo em sistemas agroflorestais. Nota-se ao mesmo tempo, a participação desses produtos na adição da renda de diversas comunidades rurais em todas as regiões brasileiras e de forma especial nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. De acordo com a imagem abaixo, mostra os principais Biomas com suas respectivas coletas de PFNM:

Acreditou-se que a única forma de se obter capital real seria através da exploração da madeira, entretanto, várias comunidades extrativistas e empresas que se utilizam de produtos oriundos da floresta têm mostrado ao contrário, que os produtos florestais não madeireiros (PFNM´s) possuem um valor econômico importante por conta da diversidade de produtos e variedade de possibilidades de se inserir nos mais diferentes mercados. (HOMMA, 2012). Sendo que eles compreendem todos os produtos que são explorados das florestas que não se caracterizem diretamente como madeira, sendo portanto diversos produtos como frutos, óleos, resinas, extrativos, gomas, folhas, cogumelos, fibras e etc.

De acordo com uma pesquisa em 2011, os PFNMs produzidos na Amazônia somaram mais de R$ 539 milhões, aproximadamente 57,9% da produção nacional de R$ 931 milhões (IBGE, 2015). Adicionalmente, a Amazônia brasileira teve uma participação expressiva no mercado de PFNM’s nacional, com o fruto do Açaí (99,94%), amêndoa do Babaçu (94,17%), Castanha-do-Brasil (100%), Palmito (99,91%), látex (99,88%), óleo de Copaíba (100%), Buriti (88, 07%), amêndoa de Cumaru (100%), entre outros produtos.

A castanha-do-Brasil é um importante produto que gera emprego e renda, suas propriedades alimentícias são muito atrativas aos consumidores do mundo e inclusive do Brasil, devido ao seu alto teor de proteínas e diversos nutrientes, sendo que o fruto possui um bom rendimento, em que a amêndoa representa 48% da semente. A população extrativista no Brasil é composta por colonos, índios e seringueiros , sendo que o estado do Pará tem forte participação no mercado nacional do fruto do Açaí.

O potencial de PFNM’s no Brasil vem crescendo, com o aumento da exploração de novos produtos não madeireiros em florestas ou do cultivo em Sistemas Agroflorestais. Sendo que é grande a quantidade de PFNM’s e os serviços oferecidos pelos biomas brasileiros a disposição das comunidades rurais que podem ser utilizados para diversos fins. Dentre os biomas, a Amazônia é o bioma que possui maior potencial para exploração de PFNM’s, devido a sua grande biodiversidade de espécies vegetais e animais, importância ambiental diferenciada em âmbito nacional e internacional, por conta da manutenção do clima no planeta, os serviços oferecidos como sequestro de carbono e proteção da sua biodiversidade.

Os PFNM’s que tiveram os maiores valores de produção em 2015, segundo o IBGE, foram: nos Alimentícios, o açaí (R$ 480,6 milhões), a erva-mate nativa (R$ 396,3 milhões) e a castanha-do-pará (R$ 107,4 milhões); nas Ceras, o pó de carnaúba (R$ 195,6 milhões); nos Oleaginosos, as amêndoas de babaçu (R$ 107,7 milhões); e, nas Fibras, a piaçava (R$ 101,3 milhões).

Os PFNM vêm assumindo papel de destaque, uma vez que apresentam-se como fonte alternativa de renda possuindo potencial de incentivo econômico para frear a devastação das florestas. Com isso, nos últimos dez anos, assistiu-se ao crescente interesse por estes produtos, por se entender melhor a economia das florestas naturais e seus recursos biológicos. Evidências recentes sugerem que a exploração racional dos PFNM poderia ajudar as comunidades florestais a satisfazerem suas necessidades sem degradar os recursos, além de serem aprincipal fonte de renda e alimentação de milhares de famílias que vivem da extração florestal em várias partes do mundo, constituindo oportunidade real para o incremento da renda familiar dos extrativistas, seja por meio de sua exploração em manejo ou em cultivos domesticados.

É notória como é uma exploração valiosa tanto para as populações rurais, que tradicionalmente têm dependido dela para sua subsistência e para propósitos culturais e sociais, como para a população urbana, que compra os produtos, processa-os e comercializa-os, aumentando suas rendas na medida em que os mercados adotam seu consumo. Atualmente, pelo menos cento e cinquenta PFNM têm importância no comércio internacional, entre eles mel, goma arábica, bambu, cortiça, nozes e frutas silvestres, óleos essenciais, plantas medicinais.

O vídeo abaixo do canal Florestabilidade mostra a trajetória da castanha desde sua extração, na Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre, até o momento de sua embalagem. No vídeo é possível conhecer os diversos usos da castanha-do-brasil e aprender como as boas práticas de manejo da Castanha, que é uma importante espécie florestal de uso não madeireiro, melhoram a produção e a renda das comunidades. Ao acessar o link do vídeo no YouTube é possível ver as boas práticas também para o manejo de outros produtos florestais não madeireiros.
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O vídeo abaixo é sobre outro Produto Florestal Não Madeireiro, o Pequi. Esse fruto é muito comum na região do Vale do Jequitinhonha, nativo do cerrado brasileiro. O seu valor comercial é muito importante para o setor florestal. O vídeo aborda alguns aspectos sociais, ambientais e econômicos relacionados ao Pequi.

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