Sistema Silvicultural

O sistema silvicultural no geral é um conjunto de atividades desenvolvidas, dentre estas, os tratamentos silviculturais como, o corte de cipós, refinamento, liberação, enriquecimento e tantos outros. Através das quais realiza-se a condução da floresta e os componentes da colheita poderão ser extraídos, substituídos ou acompanhados garantindo uma produção sustentável. Atividades que também são indicadas para estimular a dinâmica de sucessão melhorando a qualidade da floresta manejada. Tem como beneficio induzir a regeneração, produção, crescimento, além do beneficiamento de espécies desejáveis também poder ser realizado.

Os impactos ambientais resultantes do manejo florestal dependem de como é realizada a extração da madeira, podendo ser maléficos ou benéficos. A floresta remanescente demora muito tempo para voltar ás condições semelhantes as naturais, antes das intervenções antrópicas. Essas intervenções são conhecidas como tratamentos silviculturais, que visam aumentar a qualidade e a produtividade da floresta, corrigindo ou potencializando fatores ambientais para favorecer determinado individuo em prol de outros.

Manejo de cipós

A presença de cipós representa competição e condições inadequadas à sucessão natural e ao crescimento e produção das espécies arbóreas de valor comercial. O corte de cipós não deve ser feito de maneira indiscriminada, mas sim objetivando a liberação de árvores de valor comercial e direcionado apenas à espécies agressivas. Corta-se o cipó em dois pontos: rente ao solo, e num ponto mais alto possível. Geralmente esta atividade é realizada durante o inventário 100%.

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Figura. Representação da operação de manejo de cipós. Fonte: IFT.

Refinamento

Eliminação de indivíduos arbóreos com características indesejáveis. É aplicado uniformemente na floresta. Este tratamento reduz a área basal para um nível planejado, diminuindo a competição. Pode ser conduzido por meio de abate ou por meio do anelamento. Entre os indivíduos indesejáveis incluem-se os indivíduos da lista de espécies sem valor comercial e as árvores tortuosas, as senescentes, as ocas e podres, as mortas e as severamente danificadas, mesmo que pertençam a espécies desejáveis.
Se houver mercado para os produtos obtidos dos refinamentos, as receitas auferidas podem compensar os custos dos tratamentos silviculturais aumentando a viabilidade econômica do manejo. Porém, a adoção desse tipo de tratamento com propósito econômico deve ser criteriosamente regulamentada precavendo o seu uso indiscriminado.

Liberação

Tem como objetivo favorecer o indivíduo que se deseja colher, facilitando sua extração. Essa técnica é realizada somente ao redor das árvores que serão retiradas, as demais não sofrerão interferência alguma. A árvore deve ser considerada como uma unidade ativa e adaptável. A floresta é resultado de uma coleção de um vasto número de árvores interagindo entre si e com os fatores ambientais.

Enriquecimento

Visa melhorar a composição de espécies do povoamento florestal, por meio do plantio de mudas de espécies de valor comercial, ambiental ou social. Também pode ser usado em alguns casos a semeadura direta.Tem como objetivo melhorar a estruturação e composição de espécies do povoamento florestal manejado. É realizado através da inserção de mudas de espécies de valor comercial, e, ou, ambiental. Podendo ser usado em alguns casos a semeadura direta. O enriquecimento é recomendado posteriormente ao estudo rigoroso fitossociológico e paramétrico, afim de definir as espécies que melhor se adaptam ás condições naturais da região explorada e a técnica será executada. Recomenda-se que a utilização dessa técnica seja, posterior ao refinamento da área, facilitando o desenvolvimento das espécies.

Sistemas de manejo

Os sistemas de manejo são construídos com base em dois conceitos muito importante: o conceito de ciclo e o conceito de sucessão florestal. A floresta pode ser manejada por meio de sistemas monocíclicos ou por meio de sistemas policíclicos. No sistema monocíclico a retirada da madeira comercial se dá de uma só vez, e a próxima colheita é baseada nas mudas das espécies comerciais existentes no momento do primeiro corte. Já no sistema policíclico, uma parte ou todas as árvores comerciais que atingiram o tamanho de corte são retiradas. As árvores de tamanho intermediário que permanecem na floresta passam a constituir o estoque remanescente para o próximo corte.

Uma floresta manejada pressupõe que após a intervenção, ações serão implementadas para que sua recuperação ocorra. Toda intervenção leva a uma perturbação, e quanto maior a perturbação, mais tempo será necessário para que a floresta se recupere e possa novamente receber outra intervenção. A capacidade de recuperação da floresta está direta associada a fonte de novos indivíduos que podem ser: indivíduos remanescentes, banco de sementes, fontes de propágulos, capacidade de brotação, banco de plântulas, tratamentos silviculturais.

  • Sistema de corte raso: o dossel superior é totalmente removido em uma só colheita. A floresta se regenera naturalmente por meio de banco de sementes, banco de plântulas, aporte de sementes ou ações silviculturais de plantio. O Sistema de rebrota é uma variação do sistema de corte raso, no qual a regeneração é sustentada principalmente pela rebrota vegetativa dos troncos e raízes remanescentes.
  • Sistema de árvore sementeira: a unidade florestal é manejada seguindo o princípio do manejo por corte raso. No entanto, árvores selecionadas para o suprimento de sementes não são cortadas e fornecerão sementes para a regeneração natural.
  • Sistema de abrigo: Árvores do dossel superior são deixadas no sítio para proteger a regeneração do dossel inferior, até que este não necessite mais de proteção.
  • Sistema de seleção: Árvores maduras são colhidas em intervalos pequenos, repetidos indefinidamente. A regeneração ocorre através de pulsos regenerativos após cada uma das entradas de corte.
  • Sistema de retenção ou em faixas: Neste sistema, grupos de árvores são mantidos para manter as características estruturais ao longo de uma rotação. Deixa pelo menos metade da área com a altura de um indivíduo base.
  • Sistema de corte de talhões: O sistema envolve o corte raso de áreas menores que 1 hectare dentro da floresta a ser manejada, visando promover a regeneração natural destas pequenas aberturas. As pequenas aberturas são manejadas como povoamentos independentes.

No MFS a colheita seletiva é, atualmente, o sistema predominante de extração madeireira na Amazônia brasileira. Nesse sistema, apenas as árvores comerciais, acima de um determinado diâmetro e dentro de um limite máximo de volume explorado, são cortadas e transportadas para serrarias. Numa análise a longo prazo, a colheita seletiva de madeira, em área sem distúrbios causados por fogo ou corte ilegal, parece ser compatível com a conservação da biodiversidade e seu efeito sobre os processos do ecossistema se mostraram moderados. Embora a Amazônia brasileira preserve uma grande cobertura florestal, a fiscalização sobre a extração ilegal de madeira é o principal ponto de preocupação político e a principal ameaça do ponto de vista da conservação da biodiversidade.
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Alguns sistemas são customizados para atender a características locais do manejo. Abaixo seguem alguns exemplos de sistemas de manejo criados para florestas tropicais:

  • Sistema CELOS
  • Sistema seletivo FLONA Tapajós
  • Sistema de seleção de espécies listadas (SEL)
  • Sistema de manejo em faixas alternadas (MAFA)

Sistema CELOS

  1. Inventário
  2. Exploração
  3. Primeiro refinamento
  4. Segundo refinamento
  5. Terceiro refinamento
  6. Inventário
  7. Nova exploração

Sistema seletivo FLONA Tapajós

  1. Inventário
  2. Exploração
  3. Inventário aos 2, 4, 6 e 8 anos)
  4. Inventário e Refinamento (10 anos)
  5. Inventário aos 12, 14, 16 e 18 anos)
  6. Inventário e Refinamento (20 anos)
  7. Inventário aos 22, 24
  8. Nova exploração

Sistema SEL

  1. Inventário
  2. Definição da lista de espécies
  3. Exploração
  4. Refinamento
  5. Inventário de 3 em 3 anos intercalado com tratamentos silviculturais
  6. Nova exploração

Sistema MAPA

A floresta é dividida em faixas de 75m de largura, que por sua vez é subdivida em subfaixa I para primeira colheita de 50 metros e em subfaixa II de 25 metros para colheita após comprovação do regeneração da subfaixa I. As faixas devem ser instaladas no sentido leste/oeste.

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