Vegetação

Para entender um pouco mais sobre as tipologias brasileiras é preciso diferenciar os conceitos de vegetação e fisionomia. A vegetação equivale a todas as espécies de plantas naturais numa região, incluindo o padrão de como as espécies estão espacialmente e temporalmente distribuídas. Os diferentes tipos de vegetação florestal ocupam cerca de 60% do território brasileiro, enquanto a área restante é dominada por vegetação campestre. Já a fisionomia é a combinação da aparência e características externa e da estrutura vertical incluindo arquitetura de copa e forma de vida dos indivíduos vegetais dominantes. As várias formações vegetais existentes surgem conforme o tipo de clima e de relevo.

As principais tipologias florestais brasileiras são:

  • Floresta Ombrófila: significa floresta "amiga das chuvas", o mesmo que pluvial de origem latina, e caracteriza uma formação vegetal cujo desenvolvimento depende de regime de águas pluviais abundantes e constantes.
  • Floresta Ombrófila Densa: também conhecida como florestal pluvial tropical; possui uma vegetação densa em todos os estratos (arbóreo, arbustivo, herbáceo e lianas); ocorre em regiões dos biomas Amazônia e zona costeira da Mata Atlântica onde o período biologicamente seco é praticamente inexistente.
  • Floresta Ombrófila Aberta: é uma variação da floresta ombrófila densa, sendo uma formação florestal mais aberta, onde comumentemente observam-se combinações de espécies particulares em associações (fasciações ou fascies); ocorre nas regiões de transição entre o bioma Amazônico e as áreas vizinhas com mais dias secos do que nas regiões onde ocorre Floresta Ombrófila Densa.
  • Floresta Ombrófila Mista: caracteriza-se como uma floresta ombrófila, porém com predomínio da espécie Araucaria angustifolia, e por isso é também conhecida como Mata de Araucária; ocorre no Planalto Meridional (sul do Brasil), onde as chuvas são regularmente distribuídas ao longo do ano e as temperaturas são mais baixas em relação às outras regiões com formações ombrófilas.
  • Floresta Estacional Semidecidual: é também denominada Floresta Tropical Subcaducifólia. Apresenta vegetação condicionada pela dupla estacionalidade climática: uma tropical com época de intensas chuvas de verão, seguida por estiagem acentuada e outra subtropical sem período seco, mas com seca fisiológica provocada pelo intenso frio do inverno, quando parte da vegetação perde suas folhas. Ocorre em várias regiões do Brasil.
  • Floresta Estacional Decidual: é também denominada Floresta Tropical Caducifólia. Sua vegetação caracteriza-se por duas estações climáticas bem demarcadas: uma chuvosa seguida de outro longo período biologicamente seco, onde a maior parte das espécies perde suas folhas. Ocorre em várias regiões do Brasil.
  • Campinarana: significa "falso campo"; caracteriza-se por vegetação lenhosa aberta dos pântanos com umidade. Ocorre na Amazônia.
  • Savana: é sinônimo de Cerrado; caracteriza-se por vegetação xeromorfa (adaptada a regiões com pouca água) que ocorre preferencialmente em regiões de clima estacional, podendo ocorrer também em clima ombrófilo. Caracteriza-se por árvores baixas e arbustos espaçados, associados a gramíneas e geralmente apresentam troncos e ramos acentuadamente tortuosos e acinzentados. Ocorre no Planalto Central Brasileiro e em certas áreas da Amazônia e do Nordeste, em terreno geralmente plano.
  • Savana Estépica: o termo designa formações vegetais como a Caatinga, Campos de Roraima, Chaco Sul-Mato-Grossense e Parque de Espinilho da Barra do Rio Quaraí (RS); vegetação tropical de características estépicas (vide Estepe). Ocorre em regiões com clima que se caracteriza por dupla estacionalidade.
  • Estepe: vegetação submetida a dupla estacionalidade, uma fisiológica, provocada pelo frio das frentes polares e outra seca, mais curta, com déficit hídrico; apresenta composição florística gramíneo-lenhosa. Ocorre em regiões próximas aos pólos ou regiões que apresentem homologia ecológica, como no extremo sul do Brasil, correspondendo às Campanhas Gaúchas e Campos Gerais Planálticos.
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Mapa da distribuição dos tipos de vegetação original do Brasil. Fonte: IBGE 2004

Cada formação florestal pode ser descrita de uma forma técnica, com base em características vegetacionais e fisionômicas. Note como a descrição dessa fisionomia é marcada por espécies marcantes que dão as características estruturais que sobressaem.

A floresta ombrófila densa apresenta um dossel fechado, elevada biomassa e algumas árvores emergentes com altura variando de 30 a 50 metros. Na região de Paragominas, as espécies mais importantes são a Maçaranduba (Manilkara huberi), Maparajuba (Manilkara paraensis), Angelim vermelho (Dinizia excelsa), Ipê (Tabebuia serratifolia), Cupiuba (Goupia glabra), Piquiá (Caryocar villosum), Tauari (Couratari sp), Acapú (Vouacapoua americana), Jatobá (Hymenea courbaríí) Timborana (Piptadenia suaveolens) e Faveiras (Parkia spp).}

Uso e ocupação da terra

A maior parte das terras brasileiras ainda está coberta por florestas, seguida por pastagens e pela agricultura. No entanto, o Brasil viu alguns de seus biomas sofrerem uma grande transformação. O bioma Mata Atlântica, o cerrado e a Amazônia já perderam aproximadamente 93%, 60%, 18% de sua cobertura original respectivamente. O percentual de cobertura florestal de um país está relacionado com o grau de industrialização de um país. A busca pelo desenvolvimento industrial tem um impacto significativo na cobertura florestal, levando a uma redução drástica. A remoção da vegetação está associada principalmente com a exploração dos recursos naturais que irão bancar num primeiro momento a industrialização. Além da própria madeira, os recursos minerais para serem acessados exigem a remoção da cobertura vegetal. Num segundo momento, a pressão sobre a vegetação se dá pela produção de alimentos, geralmente associada ao aumento populacional. Com a maturidade social, uma maior importância passa a ser dada gradualmente aos recursos naturais. Os recursos naturais começam a ser valorizados como reflexo de um sentimento de falta, bem como de uma maior educação ambiental por parte da população. Lentamente as pessoas começam a associar um valor positivo à presença da natureza.

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No Brasil, é possível perceber a ocorrência dos dois eventos históricos que pressionaram a remoção da cobertura florestal. O desenvolvimento do Brasil, ainda durante o período colonial, se deu às custas da exploração da Mata Atlântica, onde os recursos naturais bancaram a ocupação e industrialização primária. No século 20, na Amazônia, grande parte do desmatamento esteve associado à produção de alimentos e a uma política de ocupação do território. Num primeiro momento a floresta deu lugar aos pastos, e em seguida, os pastos foram lentamente substituídos pelas grandes lavouras. Esta mudança do uso do solo, de floresta para pecuária, e de pecuária para agricultura formou a paisagem atual dos estados de Rondônia, Mato Grosso e Pará.

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